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27 de ago. de 2011

Ganesha e seus Ensinamentos de Sabedoria e Humildade

O deus hindu e seus ensinamentos de sabedoria e humildade.
Ganesha tem um corpo humano com a cabeça de um elefante, e é o deus hindu mais cultuado, com templos em quase todas as aldeias da Índia.
Isso porque remove os obstáculos e garante êxito naquilo que se empreende, sendo reverenciado antes de toda atividade espiritual ou mundana.
É ele quem abre os caminhos. 
A mistura entre homem e elefante deriva da filosofia espiritual hindu e seus ideais de perfeição, de origem milenar.
Os sábios indianos, em suas meditações profundas sobre esses ideais, representaram a cabeça do elefante como um símbolo de sabedoria, compaixão e discernimento, atributos essenciais para se atingir a própria perfeição. 
As grandes orelhas do elefante ouvem com inteligência e a enorme boca é a sua vontade de viver. Os dois dentes largos e compridos são, sugestivamente, a “emoção” (o da esquerda) e a “razão” (o da direita), assim como cada um dos dois lados do seu corpo está sincronizado da mesma forma. Sendo capaz de arrancar uma árvore ou pegar um amendoim com delicadeza, Ganesha é fonte de ensinamentos sobre as oscilações que fazem parte do mundo, ajudando a sabermos como nos comportar quando uma mudança muito brusca ocorre. 
Contudo o marfim esquerdo está quebrado, simbolizando o domínio da sabedoria sobre os sentimentos na busca da perfeição. Os olhos de elefante, que enxergam tudo como sendo maior do que é, atestam a sua humildade e abandono do orgulho, na busca pela plenitude. 
Shiva
As escrituras sagradas da Índia relatam que uma certa vez, Shiva passou diversas eras na montanha sagrada de Kailash, concentrado em si mesmo e na criação. Seu Lingam de fogo sem fim, alcançando o infinito, já havia demonstrado sua precedência e poder a Vishnu e Brahma, seus dois colegas divinos.
Vishnu
Brahma
Quando Shiva tomou consciência de como era solitária sua vida nas alturas geladas, também percebeu a beleza incomparável de Parvati, a filha dos Himalayas. Profundamente atraído por sua graça e dignidade, ele devotou atenção total a essa deusa feminina; ele e seu Lingam divino ficaram eternamente a disposição dela.
Parvati
Parvati alegremente cedeu seus encantos a Shiva. Por séculos eles se entrelaçaram em um abraço divino, se ocupando em nada mais que o prazer mútuo.
Parvati e Shiva
O sol nasceu e se pôs incontáveis vezes diante de Shiva deliciado nos braços de sua esposa. Até ele sentir necessidade de explorar os mundos banhados pelos raios do Deus Sol, Surya e o Deus Lua, Chandra. Tomado de um alegre desejo de explorar o desconhecido e penetrar em novas realidades com todo seu divino poder, deixou Parvati e foi andar pelos mundos.
Deus Sol, Surya
Deus Lua, Chandra
Após séculos vagando, seu caminho o levou de volta ao lugar em que ele experimentou sua maior glória, a terra de sua esposa divina, Parvati. Para grande surpresa de Shiva, ele encontrou um jovem esplêndido guardando essa familiar entrada.
Os músculos desse homem refletiam o sol poente e a graça de seus membros se assemelhava aos do próprio Shiva. Raivoso, ele foi até o intruso e exigiu saber quem ele era. O estranho respondeu ao onipotente em sua frente: "Essa é a minha casa. Eu sou o guardião da entrada. Quem é você, desconhecido, que entra em meu caminho de maneira tão pouco amigável?". Com isso, uma fúria descomunal tomou conta de Shiva Mahadeva. Espumando de raiva, ele decapitou o estranho com um só golpe e entrou em seu lar, negligenciado por tanto tempo.

"Quem era aquele estranho em minha porta?", perguntou à sua esposa, ainda tremendo do encontro com o rival inesperado. "Aquele era o nosso filho", respondeu Parvati já trêmula com o que estava por vir.

"Eu acabei de matá-lo", lamentou em tom monótono. Horrorizado e sem esperança, o casal criador do início do espaço/tempo caiu um nos braços do outro. "Como eu poderia saber que era meu próprio filho?". Parvati suspirou: "Como eu poderia te informar que você tem um filho, quando passa tanto tempo em mundos longínquos?".

Assombrado pelo fato de ter permitido que sua raiva o levasse a um ato tão hediondo, Shiva Pashupati, o Senhor dos Animais, decidiu entrar na selva. Para gerar uma segunda vida ao filho, ele sacrificaria o primeiro animal que cruzasse seu caminho.
Shiva Pashupati
O primeiro que encontrou foi um elefante. Shiva Mahadeva se curvou diante do Reis das Estepes e Florestas, cortou sua cabeça, agradeceu a criatura de quatro patas pelo sacrifício e carregou para casa a poderosa cabeça. Ele posicionou a cabeça do animal na carcaça sem vida do filho e soprou uma nova vida dentro dele.

Assim que Ganesha, filho de Shiva e Parvati, abriu os olhos para a nova existência, Shiva, o Destruidor e Criador do Universo, dirigiu essas palavras à cria divina: "Por favor, me perdoe pelo meu feito descuidado. Agora que você ressuscitou para uma nova vida, o primeiro agradecimento e a primeira invocação de qualquer ser vivo devem ser feitos a você. Antes que as pessoas possam prestar suas homenagens a mim, até o fim dos tempos elas devem primeiro oferecer seus respeitos a você."

Ganesha, o ser com cabeça de elefante e barriga protuberante, Deus da Benevolência, Felicidade e Riqueza (do coração, não de dinheiro), veio ao mundo como o fruto da maior glória. Experimentou raiva, morte e uma reanimação com amor e piedade. Ele deve sua vida a essas energias emocionais e vitais contrastantes. Esse é o motivo dele ter se tornado o modelo para os xamãs nativos do reino Hindu (apesar do fato de que a existência deles vem de tempos em que ainda nem havia religião institucionalizada). Ganesha se tornou o primeiro xamã a ser iniciado.

Oração a Ganesha, o Guardião da Passagem 
"Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva
Mata Shri Parvai, Pita Mahadeva
Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva
Ek danta, dua danta, char bhuja dhari
Kapal bhari raato sindoor musa ko sawari
Jai Ganesha, Jai Ganesha, Jai Ganesha Deva"

"Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses
Sua mãe é a senhora Parvati, seu pai Mahadeva
Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses
Você que tem dois tipos de dentes e quatro braços fortes
Você que tem vermillion na testa
E cavalga em um rato
Oramos a ti Ganesha, Pai dos Deuses"

O rabanete (Raphanus Sativus ou Radicula), é a planta sagrada do Deus Elefante. Ele pode ser visto em máscaras ou em ilustrações pictográficas. Mas, na verdade, não há nenhuma relação real com o rabanete. Ao invés disso, trata-se de uma planta chamada "ban mula" (rabanete selvagem), "daling", "belu chare" ou "pangla bung". O gosto é similar ao do rabanete. Ela é comida afoitamente pelos xamãs, já que seu consumo fortalece o shakti (energia vital).

Essa planta é um símbolo de Ganesha: é metade animal, metade vegetal. O rabanete selvagem é metade raiz, metade folhas, assim é um símbolo similar à mandrágora da Europa.

Shiva designou Ganesha como o guardião de passagens, cruzamentos e portais de todos os tempos e mundos possíveis. Projetado no corpo humano, Ganesha também é o Protetor dos Chakras. Ele guarda a entrada do chakra sexual, a fonte do poder xamânico curador. Esse chakra fundamental (muladhara chakra) é a fonte de toda a energia (shakti), sem o qual nenhum ser humano pode viver.


ESTE POST FAZ PARTE DO MOSAICO LIVRE DA....
Autora:
Alessandra Cerqueira Alessandra Cerqueira é esteticista e Massoterapeuta, apaixonada por maquiagem, esmaltes, livros, seriados e filmes. Docente na Escola Profissional de Cabeleireiros e Estética

Fonte: Portal Xamanismo | Akaiê Sramana